quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Brancas, de maior renda e escolaridade têm mais acesso à mamografia no Brasil

Negras, pardas, indígenas, menos escolarizadas e mais pobres nem sempre conseguem realizar o exame capaz de diagnosticar o câncer de mama

São Paulo - Mulheres brancas, de maior renda e escolaridade são as que mais fazem mamografia no Brasil. Essa é uma das principais conclusões de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, ligada à Fundação Oswaldo Cruz, a partir da análise dos dados de nove regiões metropolitanas da edição 2008 da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE.
Embora seja possível afirmar que as desigualdades sociais, em especial a renda, aumentam ou diminuem as chances de uma mulher fazer o exame, que é a principal maneira de diagnosticar o câncer de mama com precocidade, elevando assim as chances de cura, há ressalvas. “Apesar dos indícios de associação do quadro com as diferenças socioeconômicas das regiões metropolitanas, pode ser que tal ligação exista também na oferta e na gestão dos serviços de saúde em cada uma delas”, destaca a pesquisadora Rejane Sobrino Pinheiro, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das autoras do trabalho.
Segundo Rejane, não é de hoje que se sabe que a escolaridade e a renda são determinantes para o acesso a qualquer serviço no Brasil e no mundo. Em relação à cor/raça, há menor número de estudos e não há consenso. Mas o estudo dela e suas colegas é pioneiro ao constatar como os indicadores sociais tradicionais se comportam em diferentes locais dentro do Brasil, como se fossem vários "Brasis". “Em algumas regiões metropolitanas, a prevalência de mamografia é muito desigual em função da renda familiar per capita. Em outras, é maior segundo a escolaridade. Ou seja, os indicadores não sugerem exatamente a mesma coisa. Em cada região metropolitana as barreiras à mamografia podem ser diferentes”, afirma.
Para Rejane, o Brasil não padece da oferta de mamógrafos. Embora o Sistema Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) tenha divulgado recentemente que na região Norte existam apenas 86 mamógrafos, dos quais 44 em instituições públicas; no Nordeste, 98 públicos para 351 existentes na região; 284 públicos dentro dos 687 da região Sudeste; 38 para os 286 do Sul e 52 para os 125 no Centro-Oeste, os números indicam cerca de 48 aparelhos por milhão de mulheres – valor semelhante ao de países desenvolvidos, como Nova Zelândia (46), Japão (49) e Alemanha (51).
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/

Nenhum comentário: