quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Mentira e a Política


A conversa de hoje é uma espécie de dica a todos os que sonham em obter um mandato eletivo: cuidado com a mentira, além de ter pernas curtas pode ser muito perigosa.
Os diferentes agentes no campo político possuem diferentes formas de relação com a mídia, são menos ou mais vulneráveis à sua influência, de acordo com a posição que ocupam.
Um líder político importante, apto a orientar o noticiário com suas declarações, não está na mesma posição de alguém que possui uma baixa capacidade de produzir fatos políticos.
Como ensina o professor Francisco Ferraz (www.politicaparapoliticos.com.br), em qualquer situação, mentir é, certamente, um dos mais graves erros que se pode cometer na vida publica. Mais que um erro, mentir é uma falha ética grave. Implica conseqüências muito sérias.
Existem mentiras que muito dificilmente são perdoadas. São aquelas que ocorrem entre indivíduos que não se conheciam pessoalmente, mas que de alguma forma se uniram por um ato de fé e confiança. Este é o caso da mentira na política.
A mentira é sempre um rompimento unilateral da confiança até então existente. É o rompimento de um pacto de honra que destrói a confiança daquele que foi alvo da mentira.
Nas relações muito pessoais, há vários elementos que podem atenuar a gravidade do ato. Há o reconhecimento de outras qualidades valiosas que podem contrabalançar a agressão da mentira, há mais tolerância para as explicações.
Nas relações políticas essas considerações não se aplicam. Nelas não há contato pessoal entre o governante e o cidadão, entre o candidato e o eleitor. Além disso, muito poucos são os políticos que possuem um eleitorado cativo. As relações que existem foram criadas por estruturas sociais intermediárias, como referências de terceiros, e, acima de tudo a comunicação pela mídia. São relações inicialmente de simpatia, a seguir de preferência, e, por fim, de confiança.
Mas é preciso qualificar: trata-se de uma confiança que não lançou raízes no íntimo do eleitor e cidadão, de uma confiança que facilmente pode ser abalada e transformar-se no seu oposto. É, pois uma confiança precária.
Esta é a confiança predominante no mundo político. Por essa razão a mentira é tão destruidora da carreira pública. A mentira, uma vez comprovada, rompe uma relação que, sendo distante, não admite atenuante, nem explicações, como é o caso nas relações pessoais, face a face, íntimas.
Veja-se o caso de uma campanha eleitoral. Toda campanha é um processo de comunicação, mas é, "comunicação interessada", isto é, todos os candidatos buscam obter dos eleitores algo que precisam muito: o voto. O eleitor sabe disso e procura descobrir, dentre os candidatos, argumentos, projetos e ideias com os quais concorde e valores, atitudes, gestos e comportamentos que lhe permita se identificar com aquele candidato.
Não basta, portanto, ter bons projetos, ideias e argumentos. Eles apelam para o lado racional do eleitor que, influencia a sua decisão de voto. Mas, ao contrário do que muitos pensam, essas razões não bastam para decidir em quem votar. O voto é essencialmente emocional.
Mais importante e condicionante daquela decisão é o lado emocional do eleitor por meio do qual ele vai ungir com a sua confiança o seu candidato. Primeiro a confiança. Em segundo lugar os projetos
Atentai bem: muitas vezes, mesmo diante de excelentes projetos, o eleitor vota naquele em quem mais confia, ainda que seus projetos não sejam tão bons.
A campanha de cada um dos candidatos funciona então como uma oficina de informações positivas, otimistas e estimulantes sobre ele e seus projetos e de informações negativas sobre seus adversários.
Estas informações podem lançar profundas dúvidas sobre o caráter, a honestidade, a coerência ou a competência do adversário. Mais grave ainda será se for o próprio candidato que cometa uma mentira.
Se a informação estiver sustentada por fatos e/ou documentos irrefutáveis, e o acusado não puder apresentar razões sólidas em seu favor, ficará numa situação política de grande fragilidade.
Resumo da ópera: no cenário atual, com internet, blogs e twitters, o candidato deve analisar com extremo rigor o seu passado, antes de começar a campanha.
Político que leva a pecha de mentiroso está baldado (pode ir ao dicionário).

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