quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O URUBU TEM PENA NO CU



Histórias de minha infância 
     Meu pai, homem culto – autodidata – sempre nos fez crer na leitura. Os contos de Grimm e Monteiro Lobato foram os primeiros. E intercalando essas leituras sempre ouvíamos histórias e piadas e estas muito anos depois serviram de esteio para algumas aulas.
     
O pernambucano sempre gosta de utilizar o escatológico e a do aluno é uma dessas... 

     Alguns professores se acham, ainda, os donos da razão. Somente a eles cabem falar, disciplinar e falar, falar, falar... por isso muitas aulas são monótonas. Agora, pense quando esses professores no ensino fundamental passam uma tarefa da qual o estudante não tem a menor “queda”. Aí o problema é serio. 

     Certo professor pediu aos alunos que fizessem uma poesia, que deveria ter rima (nada de modernismos), daí saltou um dos ‘incríveis’ com a sua:
“O urubu tem 
pena no cu”

     Não deu outra. Incontinente o estudante foi ‘classicamente’ humilhado diante de todos:
     - Irresponsável, maleducado... (é, nada de mal educado)
     O professor transtornado, possesso e com o rigor da disciplina, foi categórico:

     - Recreio agora só depois que fizer uma poesia.

     Assim o garoto teve que amargar seu castigo, afinal o professor sempre tem razão.

     Pouco depois, lá vem o menino. Cabisbaixo, entregou trêmulo seu novo texto:

“O urubu tem pena no pé
Só não tem no cu porque o professor não quer”.

O desfecho fica por sua conta leitor/professor.

Jorge Câmara. CEPRA em 26/X/08 

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