terça-feira, 3 de janeiro de 2017

"Conversa de botequim" é boa para a educação?

Cláudia Costin
Cláudia Costin chefiou a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro até 2014
Diante da sistemática propaganda do governo em passar a ideia que tem uma fórmula pronta para melhorar o Ensino Médio, nada melhor do que refletir algumas práticas pedagógicas em voga no sistema educacional, principalmente o público.

Às vezes, pequenas mudanças em nossas práticas podem fazer a diferença. Ficamos atônitos com os elevados índices de alunos que não conseguem assimilar os conteúdos ministrados em sala de aula. Ora, algumas mudanças se fazem necessária, uma vez que em muitos casos, parece-me que vomita-se conteúdos. O blá-blá-blá dominante em nossas práticas diárias, não atraem ou estimulam nossos alunos a consolidarem o conhecimento necessário para o dia-a-dia.

Para Claúdia Costin, ex-diretora do Banco Mundial, "a dinâmica das aulas deveria lembrar mais nossas rodas de conversa do que uma palestra. Nada é mais contrário à nossa cultura fora dos muros da escola do que a forma como damos aula hoje", afirma. O tom 'professoral' pode ser uma das barreiras que dificultam o aprendizado.

Figura importante na educação brasileira, Costin, que atualmente está lecionando em Harvard, diz que precisa-se incorporar as "conversas de botequim", um dos principais traços da nossa cultura que é desconsiderado dentro da sala de aula. "Se fosse pensar num traço cultural que pudesse orientar a nossa maneira de dar aula e repensar o ensino é a conversa de boteco. É curioso: somos um povo que gosta muito de conversar, mas a conversa é reprimida na escola, é vista como algo errado", afirma a educadora. 

Em extensa entrevista ao site BBC Brasil (Escola deveria incorporar 'conversa de boteco', diz educadora) Costin deixa muito claro o desperdício de recursos na capacitação de professores, uma vez que os resultados não têm sido significativos para a urgência do problema.

Por isso, há a necessidade que os condutores da nossa educação pública, sejam pessoas que estejam atualizadas e alinhadas aos inúmeros e graves problemas que afetam nosso sistema educacional. A educação do 'faz de conta', maquiada com programas e projetos que destroem o objetivo do ensino, não pode continuar mais a ser a tônica dos planos de governo, em todas as suas esferas.

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